Investimentos

Bolsa Sem Mistério: Aprenda a Decifrar os Códigos da B3 e Invista com Segurança


31 de agosto de 2025 às 23:50 / 0 Comentários

Um notebook em cima da mesa com a guia de ações abertasFoto de Austin Distel

Quem olha pela primeira vez para a tela de cotações da B3 (Bolsa de Valores do Brasil) pode se sentir em outro planeta. Siglas como PETR4, VALE3, ITUB4, BOVA11 aparecem ao lado de preços, porcentagens e volumes. Mas o que, afinal, significam esses códigos?

Eles são conhecidos como códigos de negociação ou tickers. Cada ação, fundo, ETF, BDR ou derivativo listado na bolsa tem um código único que segue regras padronizadas. Entender essa lógica é essencial para qualquer pessoa que queira investir de forma consciente.

Nesta reportagem, vamos mergulhar na lógica desses códigos, explicar o que significa cada parte deles, mostrar exemplos práticos, e contextualizar com dicas úteis para quem está aprendendo a investir.

Prepare-se: até o fim deste texto, você será capaz de olhar qualquer ticker da B3 e compreender exatamente o que ele representa.

1. O que é um ticker?

O termo “ticker” vem do inglês e se refere ao código que identifica um ativo negociado na bolsa.

Na B3, cada ativo tem 4 letras seguidas de 1 ou 2 números (e, em alguns casos, um sufixo com letras adicionais).

Exemplo:

  • PETR4 → Ação preferencial da Petrobras
  • ITUB3 → Ação ordinária do Itaú Unibanco
  • BOVA11 → ETF que replica o Ibovespa

Esse padrão é usado para organizar e padronizar a negociação.

2. Estrutura geral do código

A regra geral é a seguinte:

  • Primeiras 4 letras → identificam a empresa ou ativo.
  • Números → indicam a classe do ativo (ação ordinária, preferencial, units, ETF etc.).
  • Sufixos (quando existem) → dão informações adicionais (por exemplo, ativos em recuperação judicial, direitos de subscrição, contratos futuros etc.).

3. Códigos de Ações (empresas listadas)

As ações são os ativos mais conhecidos da bolsa. Vamos detalhar os principais números que aparecem após as letras:

3.1. Ações Ordinárias (ON)

  • Final 3
  • Garantem direito a voto nas assembleias da empresa.
  • Exemplo:
  • PETR3 → Petrobras ON
  • VALE3 → Vale ON
  • ITUB3 → Itaú Unibanco ON

3.2. Ações Preferenciais (PN)

  • Final 4, 5 ou 6
  • Não dão direito a voto, mas oferecem preferência no recebimento de dividendos.
  • Exemplo:
  • PETR4 → Petrobras PN
  • ITUB4 → Itaú Unibanco PN

3.3. Units

  • Final 11
  • São pacotes que reúnem ações ordinárias e preferenciais numa só cota.
  • Exemplo:
  • SANB11 → Santander Unit (composta por ações ON e PN)
  • TAEE11 → Taesa Unit

4. Códigos de ETFs

ETFs (Exchange Traded Funds) são fundos que replicam índices de mercado.

Na B3, sempre terminam em 11.

Exemplos:

  • BOVA11 → replica o índice Ibovespa
  • SMAL11 → replica o índice Small Caps
  • IVVB11 → replica o S&P 500 (índice dos EUA)

Dica: qualquer código terminando em 11 pode ser ETF ou Unit — a diferença é percebida pelo contexto ou consulta rápida.

5. Códigos de Fundos Imobiliários (FIIs)

Os Fundos Imobiliários (FIIs) também têm final 11, mas são diferentes dos ETFs.

Eles representam cotas de fundos que investem em imóveis ou títulos do setor imobiliário.

Exemplos:

  • HGLG11 → Fundo logístico
  • MXRF11 → Fundo de papel
  • XPML11 → Fundo de tijolo

6. BDRs (Brazilian Depositary Receipts)

Os BDRs permitem investir em empresas estrangeiras por meio da B3.

Seguem o mesmo padrão: 4 letras + números.

  • Final 34 ou 35 → BDRs não patrocinados
  • Exemplo:
  • AAPL34 → Apple negociada na B3
  • AMZO34 → Amazon negociada na B3

7. Códigos de Direitos e Opções

Além das ações em si, existem códigos para representar direitos de subscrição e opções de compra/venda:

  • Direitos de subscrição → letras no final (A, B, C, etc.)
  • Exemplo: PETRA → direito de subscrição de Petrobras ON
  • Opções → têm um código especial com letras representando o mês e tipo da opção (compra ou venda).
  • Exemplo: PETRK23 → opção de compra de Petrobras, vencimento em novembro de 2023.

8. Códigos de Contratos Futuros

Na B3 também se negociam derivativos, como dólar futuro, índice futuro e commodities.

  • DOL → dólar futuro
  • IND → índice futuro (Ibovespa)
  • CCM → milho futuro

Cada contrato tem letras e números que indicam o mês e o ano de vencimento.

9. Finais mais comuns

Na prática, os números finais dos códigos têm significados específicos e não são escolhidos de forma aleatória. As ações ordinárias sempre terminam em 3, como é o caso da VALE3, que representa a ação ordinária da Vale. Já as ações preferenciais podem terminar em 4, 5 ou 6, a depender da quantidade de classes de ações emitidas pela empresa — exemplo clássico é a PETR4, ação preferencial da Petrobras.

Os códigos que terminam em 11 merecem atenção especial, porque podem representar três coisas diferentes: uma unit (que é um pacote de ações ON e PN juntas, como a SANB11, do Santander), um ETF (fundo de índice, como o BOVA11, que replica o Ibovespa) ou ainda um FII, fundo imobiliário, como o HGLG11. O contexto, nesse caso, é essencial para identificar corretamente de que ativo se trata.

Já os BDRs, recibos de ações estrangeiras negociados no Brasil, costumam terminar em números da série 31 até 36. Um exemplo é o AAPL34, que representa a Apple. Esse padrão ajuda a diferenciar ativos nacionais de internacionais.

Além disso, existem também os direitos de subscrição, que não têm números no final, mas sim letras. É o caso do PETRA, que corresponde ao direito de subscrição da Petrobras. Por fim, temos as opções, cujos códigos combinam letras e números para indicar o ativo de referência, o tipo da opção e o mês de vencimento. Um exemplo seria o PETRK23, que indica uma opção de compra da Petrobras com vencimento em novembro de 2023.

10. Por que isso importa para o investidor?

Saber identificar cada código evita confusões. Imagine comprar SANB11 achando que é só uma ação, quando na verdade é uma unit (pacote). Ou confundir BOVA11 (ETF) com KNRI11 (FII).

Além disso, compreender a lógica ajuda na leitura de notícias, relatórios de analistas e plataformas de corretoras.

11. Exemplos práticos do dia a dia

  • Se você quiser votar em assembleias, precisa das ações ON (final 3).
  • Se busca dividendos maiores, as PN (final 4) podem ser mais interessantes.
  • Se deseja diversificação automática, pode optar por ETFs (final 11).
  • Se acredita no setor imobiliário, FIIs (final 11) são o caminho.
  • Se quer exposição internacional, BDRs (final 34/35).

12. Mitos e verdades sobre os códigos

  • “Ações ON são sempre melhores que PN” → Mito. Depende do objetivo do investidor.
  • “Todo ativo com final 11 é FII” → Mito. Pode ser ETF ou Unit.
  • “Os números finais são aleatórios” → Mito. Seguem regras definidas pela B3.


Os códigos da bolsa podem parecer complicados, mas seguem um padrão lógico.

Depois de entender a estrutura, o investidor ganha autonomia para identificar qualquer ativo da B3 e tomar decisões com mais segurança.

Assim como aprender a ler o cardápio de um restaurante, decifrar os tickers é um primeiro passo essencial para navegar pelo universo dos investimentos.


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