Foto de Austin DistelQuem olha pela primeira vez para a tela de cotações da B3 (Bolsa de Valores do Brasil) pode se sentir em outro planeta. Siglas como PETR4, VALE3, ITUB4, BOVA11 aparecem ao lado de preços, porcentagens e volumes. Mas o que, afinal, significam esses códigos?
Eles são conhecidos como códigos de negociação ou tickers. Cada ação, fundo, ETF, BDR ou derivativo listado na bolsa tem um código único que segue regras padronizadas. Entender essa lógica é essencial para qualquer pessoa que queira investir de forma consciente.
Nesta reportagem, vamos mergulhar na lógica desses códigos, explicar o que significa cada parte deles, mostrar exemplos práticos, e contextualizar com dicas úteis para quem está aprendendo a investir.
Prepare-se: até o fim deste texto, você será capaz de olhar qualquer ticker da B3 e compreender exatamente o que ele representa.
O termo “ticker” vem do inglês e se refere ao código que identifica um ativo negociado na bolsa.
Na B3, cada ativo tem 4 letras seguidas de 1 ou 2 números (e, em alguns casos, um sufixo com letras adicionais).
Exemplo:
Esse padrão é usado para organizar e padronizar a negociação.
A regra geral é a seguinte:
As ações são os ativos mais conhecidos da bolsa. Vamos detalhar os principais números que aparecem após as letras:
ETFs (Exchange Traded Funds) são fundos que replicam índices de mercado.
Na B3, sempre terminam em 11.
Exemplos:
Dica: qualquer código terminando em 11 pode ser ETF ou Unit — a diferença é percebida pelo contexto ou consulta rápida.
Os Fundos Imobiliários (FIIs) também têm final 11, mas são diferentes dos ETFs.
Eles representam cotas de fundos que investem em imóveis ou títulos do setor imobiliário.
Exemplos:
Os BDRs permitem investir em empresas estrangeiras por meio da B3.
Seguem o mesmo padrão: 4 letras + números.
Além das ações em si, existem códigos para representar direitos de subscrição e opções de compra/venda:
Na B3 também se negociam derivativos, como dólar futuro, índice futuro e commodities.
Cada contrato tem letras e números que indicam o mês e o ano de vencimento.
Na prática, os números finais dos códigos têm significados específicos e não são escolhidos de forma aleatória. As ações ordinárias sempre terminam em 3, como é o caso da VALE3, que representa a ação ordinária da Vale. Já as ações preferenciais podem terminar em 4, 5 ou 6, a depender da quantidade de classes de ações emitidas pela empresa — exemplo clássico é a PETR4, ação preferencial da Petrobras.
Os códigos que terminam em 11 merecem atenção especial, porque podem representar três coisas diferentes: uma unit (que é um pacote de ações ON e PN juntas, como a SANB11, do Santander), um ETF (fundo de índice, como o BOVA11, que replica o Ibovespa) ou ainda um FII, fundo imobiliário, como o HGLG11. O contexto, nesse caso, é essencial para identificar corretamente de que ativo se trata.
Já os BDRs, recibos de ações estrangeiras negociados no Brasil, costumam terminar em números da série 31 até 36. Um exemplo é o AAPL34, que representa a Apple. Esse padrão ajuda a diferenciar ativos nacionais de internacionais.
Além disso, existem também os direitos de subscrição, que não têm números no final, mas sim letras. É o caso do PETRA, que corresponde ao direito de subscrição da Petrobras. Por fim, temos as opções, cujos códigos combinam letras e números para indicar o ativo de referência, o tipo da opção e o mês de vencimento. Um exemplo seria o PETRK23, que indica uma opção de compra da Petrobras com vencimento em novembro de 2023.
Saber identificar cada código evita confusões. Imagine comprar SANB11 achando que é só uma ação, quando na verdade é uma unit (pacote). Ou confundir BOVA11 (ETF) com KNRI11 (FII).
Além disso, compreender a lógica ajuda na leitura de notícias, relatórios de analistas e plataformas de corretoras.
Os códigos da bolsa podem parecer complicados, mas seguem um padrão lógico.
Depois de entender a estrutura, o investidor ganha autonomia para identificar qualquer ativo da B3 e tomar decisões com mais segurança.
Assim como aprender a ler o cardápio de um restaurante, decifrar os tickers é um primeiro passo essencial para navegar pelo universo dos investimentos.
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