Foto de Austin DistelO Ibovespa, principal índice da B3, sofreu queda de 0,34 %, encerrando o pregão desta quarta-feira aos 139.863,63 pontos . Foi o terceiro dia consecutivo de baixa, marcando o pior começo de setembro em termos de desempenho, com o índice recuando 1,10 % no mês até agora .
Destaques de desempenho entre as ações:
Nesta quarta-feira (3/9), ocorreu o segundo dia de julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, sob acusação de tentativa de golpe de Estado — um processo que mobiliza atenção institucional e global .
As incertezas geradas por esse julgamento seguem pressionando a bolsa:
A divulgação da delação de Joesley Batista (JBS), envolvendo o então presidente Michel Temer, gerou uma das maiores quedas da bolsa em quase uma década e disparou o dólar. Foi um choque de confiança que derrubou os mercados instantaneamente.
A combinação de recessão, escândalos (como a Lava Jato) e instabilidade institucional levou à fuga de capitais, perdas de ativos e aumento do risco-país — episódio que teve efeitos duradouros na percepção externa sobre o Brasil.
No início de abril de 2025, políticas protecionistas dos EUA desencadearam quedas globais em bolsas, incluindo no Brasil, em um contexto de guerra comercial e aumento de incerteza.
Investidores globais observam com atenção:
Os fluxos de capitais refletem essas preocupações — decisões como o leilão de títulos do Tesouro, feito com captação de R$ 17,7 bilhões, são interpretadas como indicativo de reação estratégica interna diante da instabilidade.
Um dos principais fatores por trás da queda da bolsa em 3 de setembro foi o desempenho fraco da produção industrial. Segundo dados divulgados pelo IBGE, a indústria nacional registrou retração de 0,2% em julho, marcando o quarto mês consecutivo sem crescimento.
Esse resultado, embora aparentemente pequeno, tem grande peso para os mercados. A indústria funciona como um termômetro da atividade econômica: quando o setor patina, investidores passam a questionar a força da recuperação brasileira. Afinal, menos produção significa menos vendas, lucros menores e, consequentemente, pressões sobre os balanços das companhias listadas na B3.
O sinal de alerta acende ainda mais porque a indústria já vinha mostrando dificuldades em 2025, mesmo em meio a estímulos fiscais e monetários. A sequência de quedas indica um cenário mais estrutural, relacionado à perda de competitividade, custos elevados de energia e gargalos logísticos que afetam a produtividade.
Na prática, isso reforça um quadro de desconfiança sobre o crescimento do PIB nos próximos trimestres. Para o investidor, esse dado é crucial: se a indústria não consegue reagir, setores como bancos, comércio e serviços também podem sentir os efeitos em cadeia.
Somado às incertezas políticas e à cautela no exterior, o desempenho industrial adiciona uma camada extra de preocupação. Por isso, não é exagero dizer que a indústria brasileira virou o elo frágil da economia neste momento, ajudando a puxar o humor dos mercados para baixo.
O pregão de 3 de setembro de 2025 reforça uma verdade que o investidor brasileiro conhece bem: a bolsa de valores não reage apenas a balanços e indicadores financeiros, mas também ao clima político e à força da economia real.
De um lado, o julgamento de Jair Bolsonaro no STF intensificou o sentimento de instabilidade institucional, aumentando a percepção de risco-país e trazendo à tona o temor de sanções internacionais. Para estrangeiros, acostumados a buscar mercados previsíveis, esse é um fator que pesa na decisão de investir ou retirar recursos.
De outro, a indústria brasileira mostrou mais uma vez sinais de fraqueza. Quatro meses seguidos de retração criam dúvidas sobre a capacidade do país de sustentar um crescimento consistente. Isso pressiona expectativas para o PIB e gera cautela em setores estratégicos da bolsa, como bancos, varejo e consumo.
Somados, esses elementos criam um ambiente em que o investidor estrangeiro enxerga o Brasil como um mercado de oportunidades, mas de alto risco. Daí a importância de uma postura mais defensiva: diversificação setorial, proteção cambial e atenção redobrada aos desdobramentos tanto em Brasília quanto em Washington.
Em resumo, o dia 3/9/2025 mostra como política e economia real caminham de mãos dadas. Uma decisão no STF, um dado negativo do IBGE ou um recuo no petróleo internacional são suficientes para mover bilhões de reais na B3. Para o investidor, a lição é clara: mais do que nunca, é preciso acompanhar não só os números, mas também o contexto político e social que molda o mercado.
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