A taxa básica de juros da economia brasileira, a SELIC, atingiu o patamar de 15% ao ano, um nível que não era registrado desde 2006. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu parte do mercado e reacende debates sobre os impactos dessa taxa para a economia e, principalmente, para os investimentos em renda fixa.
A SELIC é a principal referência para os juros praticados no país. Quando ela sobe, os rendimentos de diversos ativos atrelados à taxa, como Tesouro Selic, CDBs pós-fixados e fundos DI, também aumentam. Mas, além do ganho tradicional via juros, a elevação acentuada da taxa cria uma janela de oportunidade pouco comentada, mas extremamente relevante: a marcação a mercado.
A marcação a mercado consiste na atualização diária do valor dos títulos públicos e privados, refletindo as expectativas de juros futuros. Quando a taxa SELIC atinge um pico e o mercado passa a precificar quedas futuras nos juros, os títulos prefixados ou atrelados ao IPCA comprados nesse topo passam a se valorizar rapidamente.
Ou seja: quem compra agora pode lucrar duas vezes:
Essa valorização ocorre porque, à medida que os juros projetados caem, os títulos antigos – com juros mais altos – tornam-se mais atrativos, aumentando de preço no mercado secundário.
A última vez que vimos a SELIC em 15% foi em um cenário macroeconômico completamente diferente. Hoje, com uma inflação controlada e maior transparência das contas públicas, a expectativa de reversão do ciclo de alta é real – o que torna o momento atual um ponto de entrada interessante para quem pensa no médio e longo prazo.
Títulos como o Tesouro Prefixado 2027 ou Tesouro IPCA+ com vencimentos mais longos, por exemplo, podem oferecer retornos expressivos se comprados agora, justamente por conta da marcação a mercado.
Como qualquer movimento estratégico, investir com base na marcação a mercado exige cautela e conhecimento. Se a taxa continuar subindo ou se a economia não reagir como esperado, pode haver desvalorização temporária dos papéis. Portanto, é fundamental alinhar esse tipo de operação com o seu perfil de investidor e horizonte de investimento.
A SELIC a 15% pode assustar alguns, mas para o investidor atento, ela representa uma rara oportunidade de potencializar ganhos na renda fixa. Entender os mecanismos por trás da marcação a mercado pode ser a chave para transformar um cenário de juros altos em rentabilidade real acima da média.
Se você ainda investe apenas com base na rentabilidade contratada, talvez seja a hora de repensar sua estratégia.